“Eu não sei por que e acho que ninguém precisa explicar por quê. Porto Alegre é o lugar que eu escolhi pra viver“. Esse trecho da canção Porto Alegre, da banda Nenhum de Nós, expressa exatamente o que sinto em ser porto-alegrense.
O FREE WALKING TOUR EM PORTO ALEGRE
Para conhecer melhor minha cidade natal, fiz um free walking tour durante a 64ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre, a maior feira de livros a céu aberto da América Latina. Em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) e a Câmara do Livro, o Free Walk POA teve passeios especiais durante o evento. O foco foi a evolução urbana e os quatro períodos arquitetônicos da cidade.
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Em uma manhã de sábado com sol escaldante, cerca de 100 pessoas, a maioria local, se reuniram às 11h para ouvir as histórias sobre a capital dos gaúchos. O encontro do tour clássico é no Chalé da Praça XV, mas, na época da feira, foi na Praça da Alfândega. A atividade começou com a pontualidade brasileira de aproximadamente 10 minutos de atraso.
O tour começa com noções sobre a história e a geografia do município. Por exemplo, os guias mencionam a boa localização boa para navegação, uma das razões que motivou a transferência da capital de Viamão para Porto Alegre. Eles também citam que a cidade se desenvolveu com os açorianos.
A PRAÇA DA ALFÂNDEGA: MARGS, MEMORIAL E SANTANDER
Ali mesmo na praça, a turma aprende sobre os prédios símbolos daquela área: o Margs, o Memorial e o Santander. O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, foi construído em 1913 para abrigar a Delegacia Fiscal da Receita Federal no RS. Já o Memorial do Rio Grande do Sul, erguido entre 1910 e 1914, foi originalmente a sede dos Correios e Telégrafos. O edifício do Santander Cultural também demorou quatro anos para ficar pronto e em 1932 abriu as portas como base do Banco Nacional do Comércio.
Os dois primeiros são projetos do arquiteto alemão Theodor Wiederspahn. Inspirado pela arquitetura de Paris, as torres de ambas as obras marcam as esquinas de um grande eixo de deveria levar desde o porto até o governo, mas que acabou sendo abreviado do cais até a Rua da Praia (hoje, Rua dos Andradas).
O MERCADO PÚBLICO
Um dos prédios mais conhecidos de Porto Alegre é o do Mercado Público. Erguido em 1869, originalmente tinha apenas um andar e quatro torres. Foi a primeira estrutura a ocupar uma quadra inteira na cidade. O prefeito Telmo Thompson Flores, que esteve na administração municipal entre 1969 e 1975, quis demolir o mercado para colocar uma avenida em seu lugar. Contudo, a população se uniu e conseguiu evitar a tragédia.
O prédio histórico também sobreviveu a cinco incêndios. O mais recente foi em 2013 e desabilitou o comércio no segundo andar, incorporado em 1912. A enchente de 1941 também ameaçou a construção e ainda hoje há uma placa dentro do estabelecimento marcando o nível atingido pelo Guaíba. O centro da cidade ficou debaixo d’água por um mês e por isso se construiu o infame Muro da Mauá.
O PAÇO MUNICIPAL
A inundação também atingiu a Intendência Municipal, sede da prefeitura. Erguido entre 1898 e 1901, o edifício do Paço Municipal foi feito em estilo eclético, com estátuas na fachada, durante do terceiro período de urbanização da cidade. O largo é considerado o marco zero de Porto Alegre.
OS antigos BONDES
A antiga estação de bondes ali perto hoje serve de praça de alimentação. É a deixa para os guias voluntários explicarem como os meios de locomoção se transformaram em Porto Alegre. Os veículos de tração animal, por exemplo, demoravam horas para ir do centro até onde fica o Menino Deus, já que os burros não conseguiam subir as ladeiras e era preciso fazer a volta pela orla do Guaíba. Hoje, o trajeto é feito de ônibus em menos de 10 minutos.
O terreno também determinou a orientação do trânsito. Por causa dos morros, as ruas no sentido longitudinal se tornaram as principais, já que as outras eram mais difíceis de trafegar por serem íngremes. Nesse momento também são mencionadas as avenidas Farrapos, Bento Gonçalves e Protásio Alves, que antigamente eram estradas de chão que levavam a arraiais distantes.
A RUA DA PRAIA
O grupo então entrou na Galeria Chaves para acessar a Andradas. Na Esquina Democrática, se ouviu sobre o auge da Rua da Praia, entre 1900 e 1950, quando os porto-alegrenses se vestiam com suas melhores roupas para passear pela via mais chique da cidade e olhar vitrines como as da Livraria do Globo.
O VIADUTO DA BORGES
Após uma curta caminhada, a turma chega ao topo do Viaduto Otávio Rocha. O morro foi escavado para para permitir o trânsito pela Avenida Borges de Medeiros. Tal obra conectou a zona sul com o centro, pois os bondes puderam utilizar a via sem grandes relevos.
Como parte da reforma da cidade inspirada pelo plano urbano de Paris e pelo positivismo francês, o viaduto da Borges prioriza o pedestre, com comércio em suas calçadas. Os guias inclusive falam sobre os imóveis dali, como o Teatro de Arena, criado por Jairo de Andrade nos anos 60.
A PRAÇA DA MATRIZ: CATEDRAL, PIRATINI, ASSEMBLEIA
A penúltima parada é na Praça da Matriz, cujo nome oficial é Praça Marechal Deodoro. Ela também é conhecida como Praça dos Poderes, pois ao seu redor ficam a catedral, e as sedes dos poderes judiciário, legislativo e executivo. Localizada no alto da cidade, também era a região onde moravam as pessoas de melhores condições financeiras.
Nesta explicação são mencionados diversos edifícios que já não estão. Um exemplo é o antigo Auditório Araújo Viana, que hoje se localiza na Redenção, mas originalmente estava onde hoje fica o Palácio Farroupilha, sede da Assembleia Legislativa.
A antiga sede da Casa dos deputados estaduais ainda está de pé. O imóvel de 1890 é o mais antigo da cidade. As reformas e reconstruções de prédios como da igreja matriz, hoje Catedral Metropolitana de Porto Alegre, e da sede do governo, atualmente no Palácio Piratini, também são exploradas.
O THEATRO SÃO PEDRO
O Theatro São Pedro (o lugar que mais amo em Porto Alegre) também tem sua história contada. Inaugurado em 1858, foi fechado em 1973 por estar em condições muito precárias. Dois anos depois, a famosa Eva Sopher, ou Dona Eva, como era conhecida pelos gaúchos, passou a coordenar as obras de recuperação do espaço. Em 1984, ele foi reinaugurado e ainda hoje recebe peças e shows. Um dos poucos exemplares de arquitetura contemporânea que podem ser encontrados no centro da Capital é o do Multipalco, o centro cultural do TSP.
TONIOLO
O tour termina de volta na Praça da Alfândega. Antes, os guias contam a história de Toniolo, um dos personagens mais folclóricos da cidade. O famoso pichador passou a marcar seu nome pelos muros de Porto Alegre depois de ser impedido de candidatar-se a deputado estadual.
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