Casamento turco-búlgaro

Casamento
Antes da festa, acontece a sessão de fotos com os amigos e familiares dos noivos

Uma das viagens mais inesquecíveis que fiz até agora foi para a Turquia. Visitei o país europeu/asiático em 2014 para o casamento de uma amiga. Mal tive tempo de chegar em Istambul. Saí do aeroporto, fiz uma parada de uns 15 minutos na casa do meu amigo para me arrumar e fomos para a noite da hena. Foi muito bom rever parte do pessoal que conheci quatro anos antes, em Bournemouth, na Inglaterra.

A noite da hena

Participar da noite da hena foi uma experiência pra lá de interessante. O ritual aconteceu mais ou menos na metade do evento. A noiva sentou em uma cadeira no meio do salão, seu rosto coberto com um véu vermelho. Nós, convidadas (algumas com uma roupa típica), com uma tiara na cabeça e uma vela acesa amarrada na mão, dançamos em círculos ao redor dela. Então, pintam a mão da noiva com hena. A seguir, é a vez das outras mulheres se pintarem. Eu imaginava uma pintura toda detalhada, mas, na verdade, é apenas uma mancha, que fica marcada por cerca de uma semana.

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Depois da cerimônia, começou a festa. A família do noivo era da Bulgária e a maioria dos temas que a banda tocou eram folclóricos de lá. O que mais chamou minha atenção foi que os músicos andavam no meio da pista com seus saxofones e oboés e os homens colocavam dinheiro nos instrumentos ou jogavam nos instrumentistas. Era um desapego com notas de 5, de 10, e até de valores mais altos que uma pobre viajante que nem eu tinha vontade de sair catando as cédulas que caiam no chão. De tanto em tanto, um dos artistas recolhia a grana.

antes da festa de casamento

Dois dias depois, foi o casamento. Antes da festa, tive de ir no salão de beleza arrumar o cabelo. Fui para o Google, capturei a tela do celular em alguns penteados que me agradaram e fui com meu amigo (também parte do grupo que se formou na Inglaterra e que não entende nada de estética) para o cabeleireiro. Ele fez as devidas apresentações e introduções, apontei para as imagens no meu celular e cruzei os dedos para que desse certo. E deu.

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Merhaba” e “Tesekkurler” foram as únicas palavras que troquei com o profissional (“Oi” e “Obrigada”, respectivamente). Voltei para a casa, me arrumei e saímos para encontrar os noivos no apartamento deles. Ao sair, ele me recomendou que eu colocasse um chale sobre o vestido – que não era muito decotado, mas mostrava parte do colo – para que os vizinhos não olhassem/comentassem. Depois de uma breve social na nova casa do casal, fomos em carriata com muita buzina (é a tradição) até o clube com piscina ao lado do Mar de Mármara onde seria a festa para umas 400 pessoas.

os presentes de casamento
No casamento, tive a oportunidade de colocar os pés no Mar de Mármara

Não houve troca de alianças, nem de votos, os noivos apenas chegaram e se posicionaram em seus lugares. Aí começou a parte mais curiosa da coisa toda. Uma grande fila começou a se formar e eu não tinha ideia por quê. Meu amigo me explicou que havia chegado a hora dos presentes. Presentes? Eu já tinha entregue meu mísero porta-retratos quando fui visitá-los no apartamento. E não via ninguém com pacotes na mão.

Yakamoz (expressão turca para “reflexo da Lua n’água”) no Mar de Mármara durante a festa

O pessoal da minha mesa disse que o presente em questão é, na verdade, ouro e dinheiro. É, isso aí, ouro e dinheiro. Braceletes de ouro para as pessoas bem próximas, medalhas para os amigos e parentes e dinheiro para os conhecidos. Cada convidado prende seu mimo em faixas penduradas no pescoço dos noivos – ou nos pulsos, no caso das pulseiras. No caso das cédulas, uma é presa na outra com um alfinete, seguindo o velho ditado “dinheiro puxa dinheiro”.

Foto da foto com os noivos e seus presentes

Eu quis participar da brincadeira, mas, obviamente, não podia ostentar muito. Coloquei uma nota de 20 Liras (mais ou menos R$ 20), meio envergonhada até – não havia nenhuma menor de 50 -, e posei para a câmera oficial. Ao sair, tentei fotografar o casal, e o fotógrafo me proibiu. Achei aquilo meio estranho e depois entendi a sacada: as fotos impressas eram comercializadas por 10 Liras (uns R$10). Essa função toda durou umas duas horas – minha amiga, depois, confessou que não aguentava mais ficar em pé nem cumprimentar as pessoas.

 a festa

Aí veio a janta com alguns pratos típicos e, então, o baile. Foi como o da noite da hena, mas maior. Os caras jogavam notas de US$ 1 nos artistas sem parar (eles haviam trocado US$ 100 especialmente para isso), as músicas eram desconhecidas para mim (reconheci uma da Beyoncé e uma do Michael Jackson), e muitas das danças em grupo (tinha feito isso na Inglaterra com eles: em um círculo, as pessoas cruzam o dedo minguinho com quem está do lado e vão girando enquanto chutam no ritmo da canção). Era um domingo, e a função toda terminou por volta da uma da manhã. Pra mim, foi ótimo que tenha acabado cedo, assim pude voltar pra casa e descansar pro dia seguinte. Atrações em Istambul não faltam.

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