O Lago Titicaca é motivo de orgulho tanto para bolivianos como para peruanos. Esse é o segundo maior lago da América do Sul e o lago navegável mais alto do mundo – a 3,8 mil metros sobre o nível do mar. Titicaca (a pronúncia correta é algo como “titikhakha”) significa puma de pedra (titi = puma, caca = pedra) em aimara, o idioma pré-incaico ainda utilizado em várias partes do país.
CHEGANDO AO TITICACA
A cidade mais importante nas margens bolivianas é Copacabana. Desde La Paz a viagem dura cerca de quatro horas e custa aproximadamente 30 bolivianos (uns R$ 15). Quando o ônibus chega a San Pablo de Tiquina é necessário descer do veículo e cruzar em bote até San Pedro de Tiquina. A passagem vale 3 bolivianos (R$ 1,50). É o primeiro contato com as águas cristalinas do lago que alcança até 300 metros profundidade e tem 165 km de comprimento.
COPACABANA
Minha chegada a Copacabana não foi das melhores, pois era véspera de feriado e muitas hospedagens estavam lotadas ou cobravam muito caro. Me dei conta de que o conceito de quarto compartilhado na Bolívia é diferente. Eu perguntava o valor do dormitório e eles me diziam um preço X, mas quando eu informava que era só pra mim, respondiam que eu teria que pagar pela espaço inteiro (isso também aconteceu em Coroico).
Finalmente consegui um por 50 bolivianos (uns R$25). Depois, caminhando, encontrei um hostel muito aconchegante na beira do lago, o Suma Samawi. Fiquei lá depois de voltar da Isla del Sol e paguei 30 bolivianos (R$ 15) em um quarto só para mim.
O centro do município fica a uns 500 metros do lago. Além das ruas comerciais, lá está a belíssima Basílica de Nossa Senhora de Copacabana. Motoristas enfileiram seus carros decorados com flores e chapéus na rua para receber bênção do padre. Às vezes banham os veículos em espumante.
A praça 2 de Febrero, que fica em frente à igreja , é um bom lugar para descansar. Mas o melhor para relaxar é a praia (que, infelizmente, tem bastante lixo). Diversas atividades são oferecidas, como caiaques, pedalinhos e outros equipamentos de lazer aquático. Também é possível alugar uma motocicleta por 30 bolivianos (R$ 15) cada meia hora e fazer um passeio pela beira do Titicaca.
Veja o vídeo de músicos mochileiros tocando em Copacabana:
ISLAS FLOTANTES
Outro passeio bacana para se fazer por lá é o das ilhas flutuantes. Ele custa 15 bolivianos (uns R$ 7,50) e demora umas duas horas. As ilhas artificiais são construídas com totora, uma planta do lago e abrigam restaurantes. Há um par de miradores naturais em que se pode subir para ter uma visão aérea das estruturas e do Titicaca.
ISLA DE LA LUNA
O tour mais buscado, contudo, é o da Ilha do Sol. Há uma opção em que também se visita a Ilha da Lua, e foi essa que escolhi. Pode-se ir e voltar no mesmo dia, mas o tempo para conhecer o lugar é de apenas duas horas. Por isso, decidi dormir no meio do lago.
O barco sai às 9h do porto de Copacabana e a passagem só de ida custa cerca de 30 bolivianos (uns R$ 15). A primeira parada é na Ilha da Lua. Os turistas têm uma hora para explorá-la. Há ruínas e uma bela vista do lago.
ISLA DEL SOL
A Ilha do Sol, onde chegamos pelas 13h, é muito maior. Uma cansativa escada espera os visitantes assim que chegam à ilha. Os mais de 200 degraus são o martírio dos mochileiros. Eles levam até a Fonte do Inca, onde é possível se abastecer de água.
Mais alto está o centro do povoado, com restaurantes e pousadas. Dali pode-se descer até a praia e tentar tomar banho nas geladas águas do Lago Titicaca. É uma caminhada longa, mas recompensadora. Se a volta é no fim da tarde, a chance de ver um magnífico pôr do sol são grandes. Do outro lado da ilha, quando não há nuvens, um nevado surpreende os olhos dos visitantes.
Vale a pena conhecer as ruínas e os miradores da ilha. As atrações aqui citadas são todas localizadas na parte sul, a única acessível aos turistas. As zonas central e norte têm a entrada proibida para não-moradores. Burros são parte do cotidiano de lá, e o som dos animais rebusnando é uma característica da Ilha do Sol.
HOSPEDAGEM NA ISLA DEL SOL
Dividi um quarto com uma menina que conheci no barco e cada uma pagou 50 bolivianos (R$ 25) por diária. Gostamos tanto da ilha que ficamos duas noites. Hospedagens mais econômicas na Bolívia, em geral, não têm papel higiênico, então é importante levar o seu.
Quer conhecer razões para viajar pela América do Sul? Esse post do blog Diário de Navegador te explica oito delas!
Para quem prefere acampar, existem vários lugares em que se pode colocar a barraca gratuitamente. Não há estrutura, a amizade criada entre os viajantes compensa o desconforto. Às vezes elas armam fogueiras e convidam outros turistas, como aconteceu quando eu estava lá.
FIESTA DE ALASITAS
De volta a Copacabana, participei de uma cerimônia religiosa tradicional da Bolívia, especialmente do departamento de La Paz. A festa de Alasitas acontece no dia 24 de janeiro. Nela, os que acreditam compram miniaturas das coisas que querem durante o ano e as abençoam com um padre ou um xamã (ou com os dois, no meu caso).
A crença é que Ekeko, o deus da abundância, fertilidade e alegria, faça com que os pedidos se cumpram. Comprei miniaturas de dinheiro, certificado de saúde, sacos de arroz, farinha e açúcar. Como sou jornalista, também comprei um jornalzinho. E como sou viajante, um mini-passaporte, uma mini-mala e uma mini-moto entraram na sacola. Também levei um ekekinho para garantir que os desejos se realizem.
PUNO
Puno é a cidade mais importante na beira do Titicaca do lado do Peru. São cerca de quatro horas de viagem entre Copa e Puno. A imigração é feita depois de poucos minutos de viagem e me pareceu tranquila. Para quem vai só com a identidade, é preciso tirar uma cópia do papel entregue na entrada do país. Eu estava com o passaporte e isso não foi necessário.
LOS UROS
A cidade não me pareceu muito interessante, então fiz só o tour até as ilhas flutuantes de Los Uros e à noite tomei um ônibus a Arequipa. Los Uros é uma comunidade de 4,5 mil habitantes que moram em 90 ilhas feitas de raíz de totora (o mesmo material das de Copacabana). O passeio de duas horas consiste em visitar uma das ilhas, escutar e observar como vivem os urenhos.
No barco, o guia passa algumas informações sobre o Titicaca e sobre Los Uros. Além disso, ensina algumas palavras em aimara, língua oficial da comunidade. O presidente da ilha recebe aos turistas e faz uma pequena apresentação sobre as tradições do lugar. Em seguida, os visitantes são separados em grupos para visitar uma das casas.
Cada ilha abriga aproximadamente cinco pequenas casas, onde vivem famílias de quatro ou cinco integrantes. É apenas uma peça com uma cama e poucos objetos pessoais pendurados no teto ou nas paredes. Em seguida, as mulheres apresentam seu artesanato para venda. No fim da visita, elas cantam algumas canções (e esperam gorjetas).
Por 10 soles (uns R$ 10), toma-se um barco feito de totora para ir até a ilha capital, onde encontram-se pequenas pousadas e restaurantes. A comunidade tem cerca de 400 anos, mas as ilhas vão sendo reconstruídas com o passar dos anos em função da deterioração do material. A estrutura mais antiga atualmente tem 88 anos.
CURTA A PÁGINA DO ME LEVA EMBORA ESTRADA AFORA NO FACEBOOK
SIGA O ME LEVA EMBORA ESTRADA AFORA NO INSTAGRAM
ACOMPANHE O ME LEVA EMBORA ESTRADA AFORA NO TWITTER
MAPA:
Esse roteiro foi feito em quantos dias?
Oi, Iuri. Foram duas noites em Copacabana e duas na ilha! Espero que possas conhecer esses destinos lindos um dia!
Olá! Quando partem as primeiras balsas de Isla del Sol até Copacabana? Passarei a noite na ilha, mas como minha viagem é curta, quero voltar o quanto antes para Copacabana e seguir viagem.
Obrigado!
Oi, Milton! Não sei exatamente o horário. Como as coisas lá são bastante informais, não há horários fixos. Mas lembro que saí bem cedo, talvez ao redor das 7h30…
Excelente relato! Copacabana é linda! As Islas Flotantes estão entre os lugares mais impressionantes do mundo. Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a alegria e simplicidade do povo, um bom exemplo é o barqueiro que me conduziu até à Ilha do Sol, também no Lago Titicaca. Fiz um pequeno relato desta experiência no meu site:https://marcozero.blog.br/o-fantastico-mundo-do-barqueiro-do-titicaca/