Quebrada de las Flechas + Cachi + Salta

Quebrada de las flechas
A paisagem lunar da Quebrada de las Flechas, na província de Salta, é deslumbrante

A Rota 40 é a estrada mais clássica da Argentina e cruza o país de sul a norte. Por isso, fiquei muito feliz quando um casal que conheci no Rusti-k Hostel, em Cafayate, me convidou para ir de carona com eles até Cachi e, depois, a Salta, capital da província, passando pela Quebrada de las Flechas. Eles estavam de carro e ambos trabalhavam com vídeo e fotografia. Ele tinha um drone e paramos em muitos lugares que chamavam a atenção ao longo da estrada para fazer gravações.

Paradas em lugares aleatórios eram comuns nessa viagem com o casal Alejandro e Alejandra
A QUEBRADA DE LAS FLECHAS

O mais surpreendente foi, sem dúvida, o Monumento Natural de Angastaco, na Quebrada de las Flechas. Suas origens remontam há 15 ou 20 milhões de anos, formado por um lago que já não existe. Nesse período, placas tectônicas se levantaram e, com a ação do vento e da chuva, criaram formas pontiagudas que se vêem hoje. Esses acidentes geológicos podem ser apreciados por vários quilômetros ao longo da estrada.

Quebrada de las flechas
O Monumento Natural de Angastaco se formou há mais de 15 milhões de anos
A LAGUNA DE BREALITO

Depois de pasar pela Quebrada de las Flechas, saímos um pouco da Ruta 40 para conhecer a Laguna de Brealito. É um desvio de cerca de 15 quilômetros pela Ruta 56, com chão batido e algumas curvas complicadas. O passeio vale a pena se o turista tem um meio de locomoção próprio, tempo e vontade de visitar lugares off beat, mas não é imperdível. Os morros cobertos de cactus que se observa ao longo do caminho também são encontrados em outras partes da região.

A visita à Lagoa de Brealito não é imperdível, apesar de suas belezas
CACHI

Ao entardecer chegamos a Cachi. A cidade é pequena e antiga. A tranquilidade e as construções em estilo colonial têm seu charme, mas não me esforçaria em voltar para lá. Perto do centro há um sítio arqueológico, não tão interessante como era de se esperar. O mais lindo dessa área é o Nevado de Cachi. Essa montanha, a mais alta dos Valles Calchaquíes, tem neve perpétua no topo. É possível enxergá-la de diversos pontos. O local que me pareceu ter a melhor vista foi Las Pailas. Esse é um cheio de cactus, em que ficamos um par de horas explorando. O visitamos quando já estávamos nos despedindo de Cachi, indo em direção a Salta.

PARQUE DE LOS CARDONES E CUESTA DEL OBISPO

No caminho até a capital provincial, ainda passamos por outros lugares que valiam a pena conhecer. Um deles foi o Parque Nacional de Los Cardones. São quase 65 hectares repletos de cactus. Há alguns miradores para que o viajante possa estacionar e percorrer a zona a pé. Um dos trechos mais famosos é a Recta del Tin Tin, um trecho da Ruta 33 sem nenhuma curva. Em seguida, vem a Cuesta del Obispo, uma serra super sinuosa, que dizem ser linda. Quando estávamos saindo da reserva, uma neblina muito densa baixou e não pudemos ver nada. Foi difícil, inclusive, para o motorista dirigir.

SALTA

Chegamos à noite em Salta. A cidade conhecida como La Linda não me encantou. Os antigos prédios na área central, especialmente ao redor da praça, são bonitos, mas nada de tirar o fôlego. O parque mais importante é o San Martín, mas tampouco oferece grandes novidades. O Cerro San Bernardo é ideal para ter uma vista panorâmica do município. Para chegar ao topo, pode-se pagar pelo teleférico ou subir os 1070 degraus de uma escada que sobe o morro.

O teleférico é uma das opções para subir o Cerro San Bernardo, em Salta capital

O folclore é um atrativo cultural muito típico do norte da Argentina. Diversas peñas têm apresentações de músicos e bailarinos. Muitas desses restaurantes/casas de espetáculos estão na Rua Balcarce. Contudo, uma das mais conhecidas é a Balderrama, na Avenida San Martín. Lá, os visitantes podem jantar e assistir a um show de uma banda e de um grupo de dança. Os principais ritmos são chacareras e zambas.

As artes e os costumes gauchos estão muito presentes no norte do país

Nesta noite, também tive a oportunidade de conhecer uma outra importante tradição: a festa da Pachamama. Em 1° de agosto se comemora o dia da Mãe Terra. Às 23h45 do dia 31 de julho começaram os rituais no marcado de artesãos. Um ancião fumegou todas as lojinhas e depois iniciou a cerimônia de oferendas à entidade. Foi uma experiência única e um grande aprendizado sobre os povos originários.

Os rituais da Pachamama já começam na noite anterior ao dia da Mãe Terra

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