A Quebrada de Humahuaca é uma região deslumbrante da Argentina. Essa zona na província de Jujuy foi declarada patrimônio mundial pela Unesco. Ela contempla interessantes formações geológicas, além de rica cultura dos povos originários. Várias cidades estão incluídas na área. As mais conhecidas são Purmamarca, Tilcara e Humahuaca.
DIA DA PACHAMAMA NA QUEBRADA DE HUMAHUACA
Escolhi Tilcara para ser meu QG na Quebrada de Humahuaca durante os primeiros dias. Fiquei no Tilcara Hostel, onde me sugeriram lugares para visitar nos arredores. Cheguei em 1° de agosto, Dia da Pachamama.
Em uma praça secundária, a Sargento Antonio Peloc, havia uma celebração à Mãe Terra organizada pelo músico Tukuta Gordillo. Desde o meio-dia até o fim da tarde, turistas e locais “corpacharam” (fizeram oferendas à Pacha).
O ritual, muito comum na Quebrada de Humahuaca, consiste em abrir um buraco no chão, onde se depositam frutas, grãos, pratos quentes, bebidas alcoólicas. O ideal é participar da cerimônia em dupla, melhor ainda se for um homem e uma mulher, para representar a dualidade.
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Quando todos já depositaram os itens, o buraco é fechado. Então são acendidos alguns cigarros, que são colocados na terra, para que a entidade os fume. Para a ocasião, foram preparadas carnes e oferecido vinho para os convidados e pessoas que chegaram por casualidade (como eu).
TILCARA
Além de uma cultura originária muito forte, como toda Quebrada de Humahuaca, Tilcara tem pontos turísticos para visitar, como a Garganta del Diablo. A caminhada até a cascata é um pouco complicada, cruzando o rio e andando por pedras soltas. É recomendada para quem gosta do contato com a natureza e de cachoeiras. O ideal é levar abrigo. Como o lugar fica em meio a grandes paredões de pedra, o sol se esconde muito rápido e o frio chega.
Depois desse passeio, se ainda há forças nas pernas, pode-se ir até o Cerro de la Cruz para ver o pôr do sol atrás dos morros. É uma subida pesada e cansativa, mas popular entre os que se animam ao esforço físico. Lá de cima, se tem uma vista panorâmica de Tilcara. Outro lugar bem conhecido é a Paleta del Pintor, um morro colorido na localidade de Maimara.
PURMAMARCA
Morros coloridos não faltam nessa região. Um dos mais notórios é o Cerro de Siete Colores, em Purmamarca. Essa cidadezinha fica a uns 25 quilômetros de Tilcara. Fui e voltei no mesmo dia, de carona. Três veículos me levaram pelo trajeto. Na ida, um de Tilcara à entrada de Purmamarca na Ruta 9 e um para me aproximar do centro. Na volta, um desde a Ruta até Tilcara, pois decidi caminhar os três quilômetros entre Purma e a estrada principal para poder apreciar com tranquilidade a beleza da área.
Apreciei um pouco a arquitetura das casas de adobe e o artesanato ao redor da praça central, mas o que eu realmente queria ver era o morro de sete cores. A formação geológica que dá fama ao município deve seu colorido aos minerais impregnados na pedra em distintas épocas. Há um mirador natural bem em frente ao Cerro de Siete Colores, ideal para fazer fotos e observar Purmamarca do alto. Ali perto está o Cerro Colorado, o morro vermelho, que também vale conhecer.
HUMAHUACA
Ainda mais impressionante do que o Cerro de Siete Colores é o Cerro de Catorce Colores, em Humahuaca, a aproximadamente 45 quilômetros de Tilcara. Como a distância era maior, fui no carro de uma mulher que conheci no hostel, junto com outros dois amigos, e dormimos na nova cidade.
Também conhecido como Hornocal, o morro de 14 cores é de difícil acesso. Caminhonetes 4×4 cobram cerca de 200 pesos por pessoa (uns R$40) para percorrer os 20 quilômetros de subida em chão batido até o espetáculo da natureza. A estrada não está em boas condições e passamos por dois carros com pneus furados.
O ponto negativo é que não dá para chegar tão perto desta formação geológica como em Tilcara ou Purmamarca, e o positivo é que ela é mais imponente do que os outros. É possível observar o morro do alto do mirador, com acesso veicular, ou descendo uma grande ladeira a pé para aproximar-se. É uma atividade intensa para fazer a 4 mil metros, mas a visão que se tem da montanha é muito linda.
No centro de Humahuaca também há mais opções para os visitantes. A principal delas é o Monumento a los Héroes de la Independencia. Os heróis da independência foram representados pelo aborígene Socompa, que teria sido o mensageiro da notícia da liberdade do povo argentino. A escultura de 70 toneladas de bronze começou a ser erguida em 1933 e foi inaugurada em 1950.
IRUYA
Iruya é um município que muitos associam com a Quebrada de Humahuaca, mas, tecnicamente, ela não pertence à região, já que está na província de Salta. O caminho de 75 quilômetros entre Humahuaca e Iruya fica tenso quando o ônibus entra na estrada de terra e começa a fazer as estreitas curvas fechadas na beira de precipícios. Esse povoado foi construído em um morro, então para deslocar-se, é preciso subir e descer muitas ladeiras.
Um dos programas prediletos dos viajantes é fazer a trilha de 16 quilômetros (entre ida e volta) até San Isidro, um vilarejo isolado de menos de 200 habitantes. Para não ser tão esgotador, há gente escolhe passar uma noite lá, mas nosso grupo decidiu fazer todo o percurso em um dia só. É preciso ter uma certa resistência, mas nada além disso. O caminho entre as montanhas e as diversas vezes em que se cruza o rio é o que fazem o passeio especial.
ALTITUDE
Devido à altura dessa parte da Argentina (que pode variar dos 2 mil aos 5 mil metros sobre o mar), muitas pessoas podem ser afetadas pela falta de oxigênio (“apunar” é o termo que eles usam). Uma das soluções para esse problema é mascar folhas de coca (às vezes acompanhadas de bicarbonato de sódio, o que se chama de “coca + bica”), que ajudam no cansaço e na tontura. Elas são muito fáceis de encontrar para comprar. Outra dica é fazer tudo mais devagar do que o normal, para deixar que o corpo se acostume com o ar rarefeito.
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