Cabo Polonio, no Uruguai, se tornou um dos meus locais preferidos no planeta em 2015, quando o visitei por menos de 24 horas. Saí de lá com a certeza de que deveria voltar para ficar mais tempo. E assim foi dois anos depois.
Cheguei para ficar dois dias no Viejo Lobo hostel, encontrei um outro lugar para ficar pelo Worldpackers e acabei ficando 15 dias em “Lo de Cuchi”, um poloniense típico. Um salvadorenho com quem dividia a casa me disse logo que nos conhecemos: “Esse lugar é uma armadilha. Tu chegas aqui e não consegues ir embora.” E ele tinha razão.
Tanta razão que já estive lá três vezes: em 2015, quando aconteceu a paixão à primeira vista; em 2017, quando aprofundamos nossa relação na minha estada de duas semanas; e em 2019, em um rápido remember de apenas três horas.
O Parque Nacional Cabo Polonio fica no departamento de Rocha. Fora da temporada, ele não deve receber mais de 150 por dia. Pouco mais de 50 pessoas vivem oficialmente lá, umas outras 50 conseguem um trabalho temporário para ficar um tempo maior, e uns 50 turistas fazem visitas curtas.
Mas, durante a temporada, o lugar explode e abriga cerca de 3 mil pessoas a cada dia. São poucos os imóveis lá, não deve haver mais de 200, e, desde o começo dos anos 2000, a construção foi proibida. Para entrar com materiais na área preservada, é preciso registrá-los.
O ESTILO DE VIDA
Para interferir ainda menos, apenas moradores e agentes governamentais podem entrar com seus veículos (todos 4X4, por causa da areia). Visitantes devem deslocar-se a pé ou nos caminhões que custam 250 pesos (aproximadamente R$ 30). Em 2015, a parada era na praça central do povoado. Em 2019, foi um pouco mais afastada.
Na entrada do parque, a Puerta del Polonio, há estacionamento pago. A diária custa UYU 190 (uns R$ 25). Em 2017, cheguei caminhando por Valizas – são sete quilômetros pelo arroio, que estava seco, e por dentro das dunas – e saí pela Puerta – seis quilômetros seguindo as marcas do “trânsito”.
Não há rede elétrica nem sistema de água. Cada imóvel tem seu poço para extrair o líquido. Painéis solares, turbinas de vento e geradores produzem energia (só o farol e a escola têm luz elétrica). A maioria das casas têm lâmpadas de LED e carregadores via USB, que precisam de menos força. Há apenas um armazém e o preço é bem superior ao dos mercados de fora do parque.
O CABO POLONIO DE JORGE DREXLER
Conheci Cabo Polonio através do cantautor Jorge Drexler, que fez várias músicas sobre esse paraíso, como Noctiluca, 12 Segundos de Oscuridad e Luna del Cabo. A primeira fala sobre as noctilucas, um organismo unicelular que aparece na praia de vez em quando e, ao ser agitada, emite uma luz fosforescente.
Há muito tempo sonhava em vê-las e desta vez pude admirá-las várias noites (não havia tantas como eu esperava, mas já foi uma experiência inesquecível). A segunda é sobre o farol, que dá cinco voltas por minuto. E a terceira é sobre a lua, que nasce no mar. Como há pouca luz na cidade, a lua e as estrelas ficam ainda mais lindas.
O FAROL
O farol é o principal ponto de referência de lá. Como bem disse o artista uma vez, sua luz branca ajuda na orientação durante a escuridão da noite, pois o fato de não haver ruas – as casas foram construídas sem grande ordem – é propício para que as pessoas se percam, mesmo em uma área tão pequena. Ele foi erguido pela primeira vez em 1881 e é possível visitá-lo. O ingresso custa 25 pesos (menos de R$ 3). São 132 degraus até o topo dos seus 27 metros.
Do alto, pode-se ver um pôr do sol incrível com vista para a a praia sul à esquerda (foto acima) e praia norte à direita. E, de trás, vêm o som dos gritos dos lobos marinhos. A espécie, assim como os leões marinhos, tem em Cabo um santuário. Eles podem ser observados da loberia, um espaço reservado nas pedras atrás do farol. Há também ilhas mais afastadas que abrigam esses bichos.
O CERRO BUENA VISTA
Caminhando uns cinco quilômetros em direção a Valizas, mas ainda dentro do Parque Nacional Cabo Polonio, está o Cerro Buena Vista. É um monte com pedras que surge da areia, quase na beira do mar. Ao chegar lá em cima, a vista que se tem é deslumbrante.
De um lado, a Barra de Valizas, do outro, bem longe, se vê o Cabo (e o quão pequeno ele é). No meio, a imensidão das dunas. Ao contemplar todo esse cenário, em que não via nenhuma outro ser humano ao redor, me senti como Leonardo DiCaprio em Titanic: “I’m the king of the world”.
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*Artigo atualizado em setembro de 2019*
Rafa
Que bela coincidência falares de um lugar ao qual meu sobrinho Gregory recentemente se afeiçoou (ou se enfeitiçou?).
Ele faz uma propaganda convincente. Assim, as imagens que acrescentaste estão me obrigando ai pra lá.
Como falta tempo para eu ter tempo, ainda combinaremos um encontro quando refizeres os passo de volta.
Saúde!
Sorte!
Um beijo
Henrique Erni
Querido! Aquilo só pode ser feitiço! É uma coisa muito louca… Saudade de ti! Bjs
Texto muito inspirador sobre um lugar que parece mágico.
Com certeza, é mágico. E maravilhoso para meditar! 🙂
Saudades, querido! Bjs